sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011

2010 foi um ano de extremos. Começou muito ruim, com perdas emocionais irreparáveis. E continuou com ganhos subjetivos e materiais importantes. No final não dá para medir pq não é possível misturar laranjas e bananas. Então, que venha 2011. Pela primeira vez, não consigo fazer desejos específicos. Sinal dos tempos, da nova década?

domingo, 28 de novembro de 2010

Não basta ser mãe

Tem que participar. Por isso eu e o Má fomos assistir ao show da banda do meu filho, Estudio Caseiro, em um restaurante aqui na Granja. Adorei. Não apenas as músicas que eles tocam do repertório alheio, como algumas do Lenine, mas as próprias, tipo Te Quero, que apesar do nome fala sobre corrupção e a composta pelo Iago, que lá pelas tantas menciona: "São Paulo cresce e eu assisto fluoexetina virar água para a nação."
Tá bom. Sou mãe. E aí vejo o cara, alto, crescido, guitarrista, tocando e a imagem que cola é a daquele meninhinho de quatro anos que me perguntava sobre tudo e que me amava incondicionalmente. Os revisionistas de Freud que me desculpem, mas o Édipo existe sim.
Mudando um pouco de enfoque, mas ainda dentro do mesmo tema. Meu pai sempre falava sobre o dito árabe sobre a vida plena: quando você teve filhos, plantou árvores e escreveu livros. Pois bem. Tive filhos e estes, mesmo sem saber, levam pedacinhos de mim. Iago, com seu inconformismo, Ju com sua garra e Fer com sua vontade de mudar o mundo. Sorry, mas eu me vejo muito nesses projetos. Escrevi algo. E plantei várias árvores. Apenas hoje, que estou nesse espírito, durmo com a sensação do dever cumprido. Com o mundo.

Começo

O final do ano se aproxima. Mas eu já pulei e estou no começo do outro. Esta época evidencia nossas (ou minhas) ligações com a humanidade mais anterior. Aquela que vive pelos ciclos, em que cada ano é um novo, carregado de possibilidades. A maior delas a possibilidade de se reinventar. Fazer diferente o que não tem mais sentido. Há incontáveis finais de ano tento fazer isso. Deixar de lado o que é peso extra, passar pela vida mais levemente. Verdade que neste tempo todo já limpei bem o sótão, joguei fora inúmeras quinquilharias. Algumas bem pesadas, inclusive. Mas ainda tem tanto espaço preenchido por baboseiras... Pensamentos velhos, emoções quebradas, desejos que não servem mais. Coisas inúteis as quais nos apegamos como quem se apega a e-mails antigos, achando que em algum momento vai relê-los e organizá-los. Mas obviamente nunca vamos fazer isso. E para quê? Tem coisas que só serviam há tempos atrás. Aliás, mesmo há tempos atrás eram estranhas, quase que costeletagrudadanobigode, quem dirá hoje em dia. No final do ano, como um ser cíclico, sou devorada por esta compreensão. E como ser simbólico, começo a jogar fora as coisas que estão sobrando na casa. Se arrumar a cabeça dá trabalho, que tal começar com o entorno? É um ritual e tem também a vantagem de dar um trabalho danado, o que de certa forma deve agradar aos deuses. Assim, nem bem terminou o ano e eu já estou com uma coceira danada, quase a ponto de impedir o foco no presente. Este começo, estou sentindo nos ossos, é daqueles que anunciam a retirada de pesos pesados do meu sótão.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Compenetrado

Os alunos entregaram os trabalhos e a aula acabou mais cedo. Fico na sala dos professores, esperando a hora do ponto. Eu e outros. Entre nós, lá no canto, sentado sozinho na mesa, está um homem compenetrado. Computador, caneta na mão fazendo anotações e fones de ouvido. Quase virado para a parede, não levanta e olha em volta. Trabalha, ou ouve uma carta de amor, não dá para saber. Só que ele está completamente absorvido pelo que faz. Eu por outro lado sento, levanto, tomo café, tento ler. Leio e deixo o livro de lado. Derrubo o livro. Levanto novamente, penso na vida. No sofá, no seguro do carro, nas reclamações do meu filho, nas tarefas das aulas, no relatório de iniciação científica, nas reuniões, em projetos possíveis, em situações que estão se tornando impossíveis. Que gostaria de emagrecer, mas não consigo me disciplinar. Penso em livros para escrever, organizar e em coisas que desejo aprender. Enquanto isso, o homem continua lá. Impassível. Na mesma posição. A única coisa que move é sua caneta, correndo no papel vez ou outra. Ele lá, compenetrado. E eu do outro lado, desassossegada. Sua compenetração é tanta, que afronta minha incapacidade de ficar quieta.

sábado, 25 de setembro de 2010

Cães e gatos

As vantagens de ter cães e gatos em casa: além de não sobrar muita comida, facilita a limpeza quando a gente derruba no chão um prato cheio de frango com molho. Depois deles é só passar um pano com desinfetante. Não sobra migalha nem pra contar. Mas tem umas coisas que são um pouco incomodas. Como tropeçar na gata que insiste em rodar nas tuas pernas. E ter que pular quando o cachorro resolve brincar com a gata-enrolada-nas-tuas-pernas e ela, por usa vez, resolve unhá-lo (típico de gatos). Ou sentir-se observada e perceber que sim, vc está mesmo sendo obsevada atentamente por uma gata sentada na porta do banheiro. Ou acordar e ter que abrir a porta para o cachorro que não aguenta movimento dentro de casa sem dar uma olhadinha no que acontece. O bom é que aqui em casa pelo menos uma coisa funciona: o horário de dormir. Lá pelas dez horas eles estão pingando de sono, é só chamar que os dois marcham para as respectivas camas -- que ficam na varanda, lado a lado.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sala dos Professores

Intervalo.
Vai e vêm na sala dos professores. Gente trabalhando nas mesas, gente aproveitando para ver e-mails.
Coordenador de curso sentado no sofá, olhos semicerrados.
Professores bebericando café e colocando o papo em dia no outro sofá.
Entra um professor, senta-se pesadamente ao lado do coordenador, olha e avisa: "se aparecer um pai de aluna reclamando que eu mandei visitar uma exposição que tem pinto, segura a onda!"
Depois dizem que ser coordenador é bom.

domingo, 12 de setembro de 2010

Mente Criminosa

Em casa eu tenho um cachorro, um Lhasa Apso, chamado Sansão por conta dos seus pelos. Ele é uma graça, mas tem o péssimo hábito de fazer xixi onde não deve. Melhorou um pouco com a idade, mas não o suficiente. Por isso vive na rédea curta e proibido de acessar certos espaços (o que, convenhamos, ele aprendeu a respeitar).
Hoje eu acordo, vou para a cozinha e descubro uma mancha no tapete pertinho do fogão. Imediatamente penso no Sansão e o chamo. Pergunto, brava: o que é isso????, apontando para o tapete. Ele baixa a cabeça, olha com aquele olhar absolutamente culpado e deita em posição de subserviência. Faz isso de um jeito tão engraçado que eu desarmo, mas mando que ele saia de dentro de casa. Vou limpar a sujeira. E percebo que me enganei, na verdade a mancha foi provocada por um pano de prato que absorveu água de uma bacia de limões que estava de molho (as geléias, sempre as geléias) e ficou a noite inteira pingando ao lado do fogão. Sinto-me um pouco culpada pela bronca no Sansis. Um pouco. Logo vem a dúvida: o que será que ele realmente fez?

sábado, 11 de setembro de 2010

Relacionamento

Ele resolve fazer um carpaccio. Tira do frezzer, dispõe no prato e avisa: olha prá mim, enquanto eu vou lá embaixo?
Ok.
Depois de um tempo volta. Começa a temperar.
O que a gente põe além de mostarda?
Azeite e queijo ralado.
Ah. Não tem queijo ralado?
Deve ter.
Vê prá mim?
Olho na geladeira e só tem um pouco. Aviso.
Fiquei decepcionado...
(Claro, afinal queijo ralado é do meu departamento).
Ofereço um outro queijo que dá para ralar.
Não é a mesma coisa...
Não.
Eu comprei alcaparra, está fechada.
Tem aberta na geladeira.
Não tem. Já olhei
Tem.
Procura pra mim?
Procuro e acho. Entrego. E escuto:
Viu como você é importante neste relacionamento?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Feminismo

Dizem que o feminismo acomete as mulheres quando estão mais velhas. Ou não tão jovens e têm que equilibrar vida amorosa, filhos, carreira. Aí a porca torce o rabo e elas realmente se dão conta das diferenças e entraves. Bem, já passei um pouco dessa fase, pelo menos no que tange ao equilibrio dos filhos (que já estão bem crescidos) e tenho me pegado cada vez mais feminista. Não tanto com o marido, sorte a dele, mas com o mundo em geral. Principalmente quando converso com mulheres muito jovens, quase meninas ainda. Fico estarrecida em ver como o mundo gira, a lusitana roda e as coisas continuam tão parecidas. Como mulheres que trabalham, estudam e sabem que terão que se virar continuam em papéis esquisitos e dependentes emocionalmente. Essa coisa de ter o homem como espelho, de ter medo de ficar sozinha e daí ficar com qualquer traste barbado - e que às vezes nem barba tem, além de pernas que são uns gambitos. De precisar e ansiar pela aprovação masculina acima de tudo. Ficar se matando e sujeitar-se a relações desiguais, quando não perversas, para corresponder às expectativas do cara. Gente, me dá um cansaço...E daí eu deito a falação discursiva. Só depois lembro que o discurso não adianta muito. O que a adianta são as condições objetivas, como já ponderava o velho Marx. Essas mulheres jovens vão penar bastante, mas a vida vai obrigá-las a mudar certos conceitos. E a maior parte delas (espero), vai conseguir tomar o destino nas mãos sem grandes problemas. Afinal, elas vivem em um mundo que oferece alternativas. Basta querer ver.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dúvidas científicas

Quais as diferenças entre:
Estônia e Letônia?
Estalagmite e Estalagtite?
Cláudia Lago e Claudia Quadros?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Querido Blog

Para começar, desculpe minha ausência. Eu sei que prometi escrever pelo menos uma vez por semana. Eu sei. Mas não está dando. Completa falta de tempo e, quando tenho tempo, estou tão cansada que não quero refletir. E você sabe que nossas conversas implicam em reflexões, mesmo quando são curtas e meramente divertimento. Viu só? Escrevi "divertimento" e já estou refletindo sobre o "entretenimento" e a apropriação ressignificante que fazemos do inglês. Entendeu o que eu digo? Escrever pra mim sempre foi assim. Por isso não escrevo tanto quanto poderia ou deveria. Hoje em dia até ler tem me colocado nesse estado pensativo e sempre conflitivo. Porque pensar necessariamente leva ao conflito e às incertezas. Vamos combinar que certezas mesmo só tem quem não pensa muito, ok? Mas o pior não é minha ausência aqui. O pior é que tenho te traído. E sou obrigada a confessar, não pedindo perdão porque nossa relação não comporta isso, mas querendo que você entenda e, se não aprove, pelo menos consiga perceber os porquês. Eu estou envolvida em outros blogs. Só para te tranquilizar, escrevo neles menos do que em ti. Mas estou planejando. Um é para colocar textos e materiais de aula. Descobri que os alunos nunca lêem a tal unidade web da Universidade, mas me seguem no twitter e no blog, então vou usar a estratégia para ver se eles se antenam. O outro é um blog que estamos construindo Ma e eu. Sobre receitas, comidas, vinhos, o sítio. Blog relação, sabe como é. Ainda não é verdadeiramente porque estamos com muitas dúvidas. Mas será. E, por fim, vou fazer (nem sequer comecei) um blog-meta. Resolvi perder os pesos extras, falando no lato sensu. Tudo que é peso, seja físico seja emocional. Como não quero misturar as coisas, precisarei construir outro blog. Só para isso. Como você vê, não há muito com o que se preocupar. Os outros blogs são fragmentos dessa vida que acontece quando estou ocupada com outras coisas (viva Lennon). Você continua a ser o primeiro e mentor, digamos assim. Sei que não é desculpa, mas prometo que vou escrever mais vezes. E que sempre que postar algo nos "filhotes", posto em você também. Podemos fazer esse acordo? Fica melhor pra você?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Carência

Eu sei que isso soa bem chato. Mas se eu não me queixar no MEU blog, onde posso me queixar? (Já que o divã está temporariamente aposentado).
Deve ser o inferno astral. Estou com pena de minzinha. Trabalho muito, acho que praticamente só trabalho. Para quase nada, pura exploração capitalista. Chego em casa e só o cachorro me trata como eu acho que mereço, ou seja, com amor incondicional. Se me queixo pro marido ele me mostra por A mais B tudo o que eu deveria fazer para melhorar. Obviamente tendo muito mais trabalho. Se me queixo pro filho ele devolve outras queixas e chantagens emocionais. E se me queixo pros amigos eles dizem ahã e mudam de assunto, porque convenhamos, todo mundo tem mais o que fazer. Deve ser o inferno astral, mas estou me sentindo muito carente de colo e consolo.

domingo, 16 de maio de 2010

O sonho

Hoje sonhei com meu pai. Estava na casa de Coqueiros, onde vivi até os 17 anos e que até hoje povoa meus sonhos caseiros. Era uma festa e eu tinha que arrumar tudo, fazer a comida e receber as pessoas. Os que deveriam me ajudar não o faziam e, ao contrário, criavam mais confusão. Como deixar uma lasanha integral desmantelar no microondas sujando tudo irremediavelmente. Os personagens são confusos, apenas eu e meu pai estamos identificados. Eu chorando a lazanha derramada, e ele assegurando-me que isso não é um problema. Mais, confirmando que eu tenho todo o direito de ficar bem chateada com os outros a minha volta e prometendo que ia falar com as pessoas. Engraçado como mesmo após oito anos de sua morte ele me tranquiliza.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sinais

A gente percebe que não está lá muito bem da bola quando em uma noite fria de outono, depois de horas no trânsito, tendo milhões de coisas para fazer ainda, resolvemos verificar a caixa de spam. E nos dar ao trabalho de responder para um spam truqueiro, desses "Banco do Brasil pede que recadastre sua senha de 4 dígitos" algo como: HAHAHAHAHA E TEM GENTE QUE CAI NESSA? Pode até ser indício de bom humor, mas que é sinal de problemas na cachola, ah, isso é.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ainda de luto, mas filosofando

Ando meio ausente do blog não por falta de assunto. Mas por falta de vontade. E por não querer ficar monotemática, dividindo meu luto instalado. Bom, mas estou tentando sair do luto e portanto volto a escrever. Ainda sobre a perda, mas desta feita mais reflexivamente.
Ao completar um mês da morte da Vanessa caí doente. Não é preciso ser psicanalista como ela para entender o porquê. Mas como o psicossomático é real, fui ao médico. Saí com requisições para mais exames do que consigo fazer e com uma conversa interessante. Meu médico é profunda e convictamente alopático. Narrando para ele o que tinha acontecido e como andava meu estado de espírito, disse-me: "ficar de luto é normal nessas situações. Mas se persistir a depressão, digamos por mais de três, quatro semanas, podemos tratar."
A rigor eu não tenho nada contra tratar a depressão com auxílio de medicamentos, desde que seja necessário. O excesso sempre me pareceu tentar não olhar para o buraco negro da existência, que ficará lá sempre à espera e à espreita. Até que aprendamos a conviver com ele, o que demanda um longo e nem sempre frutífero processo de autoconhecimento e crescimento (que não se consegue tomando nada especialmente). Obviamente que o necessário é a medida de cada um. No meu caso, após pensar no assunto (e, confesso, ficar seriamente tentada a pedir um prozaquinho) achei melhor não. Por vários motivos, o maior dele a memória de minha amiga. Ela, psicanalista de carteirinha, com certeza não aprovaria que eu depois de três ou quatro semanas de luto resolvesse "curar-me". Porque não se trata de cura, na verdade. Trata-se de gerenciar a vida a partir das perdas, que nos acompanham sempre. E o luto é isso, além de ser também medida da relação. Não é possível perder alguém que se ama e isso não significar quase nada na vida em geral. Pois bem. Um mês e uma semana após eu estou aqui. Gerenciando. Ainda de luto, mas caminhando. Em paz com minha dor e com meu trajeto.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Darwin ou Lamarck?

Aplicando o biologismo à filosofia. Quem será que tem razão, Darwin ou Lamarck? A gente aguenta o que está preparado para aguentar, ou se prepara para aguentar o que tem quê? Em outras palavras, a gente está adaptado para o sofrimento ou se adapta a ele?

Querida amiga

Hoje é feriado e estou aqui em casa, sentindo saudades tuas. Pensando como é inacreditável a idéia de que nunca mais vamos nos ver. Tudo isso pq ontem fui cortar o cabelo e lembrei que conheci o Soho por conta de tuas andanças pela Sampa descolada. Faz uns 26 anos... O Soho estava praticamente se afirmando e vc começou a cortar com a dona. Lembra das histórias e do teu cabelo ponta acima, ponta abaixo, que deu um susto e foi um sucesso? É desta época teu vestido Marilyn Monroe e nossas cintas ligas. Que compramos de farra da feira do Bixiga (pode?) e nunca usamos (eu pelo menos...). Pedi para meu filho resgatar da casa do pai a tua obra em tricô, a única que deves ter feito na tua curta vida. Aquela que era para ser uma ovelhinha e que nós apelidamos de cachorro morto pela semelhança. De repente fiquei com uma vontade imensa de dormir agarrada nele. Sei que será um consolo muito fugaz, mas quem sabe? Liguei pra Grace e conversamos bastante. Ela está num ânimo parecido. Uns dias difíceis, outros melhores. Para ela deve ser pior, pq tua marca é mais evidente. Gozado como as pessoas que amamos ficam inscritas na pele da gente não? E elas se vão e sentimos uma dor quase física. Quando falava com a Grace, lembrei de nossas observações sobre a forma de lidarmos com as adversidades. No fim, somos todos muito imperfeitos, só que alguns têm a imperfeição relevada por tudo que aguentam e fazem. Acho que é o caso da Grace e sua mãe narcísica. Ninguém merece... Bem, fico por aqui, esperando virar o tempo. Não é só em Floripa que a gente espera a frente fria, como tu gostavas de falar. Hoje o dia está muito dolorido. Sei que vai passar, que em algum momento vou me acostumar com tua inexistência vital. E que as lembranças virarão bocados de ternura somente. One day, but not today.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Vanessa

Uma grande amiga, uma irmã, morreu segunda feira. Pós páscoa. Apesar de nossas rezas e nosso choro. Pq essas coisas não se resolvem assim. Elas simplesmente acontecem e nos deixam aturdidos, inacreditando. Sem falar no sofrimento, no luto. Vanessa foi muito cedo, mesmo tendo tido uma vida plena. Deixou inconsoláveis seu "um milhão de amigos, tipo Roberto Carlos". Ainda não acredito muito que nunca mais vou ver ao vivo e a cores seu bocão rindo, ou rir com seu "ah tá" depois de ter compreendido o óbvio, ou ouvir com gosto suas ponderações. Ou perceber sua escuta atenta e acolhedora-- ela que a tinha mais do que ninguém. Hoje só sei que o mundo está pior. E que me falta um pedaço.

terça-feira, 30 de março de 2010

Rapidinhas

1) Aí o cardeal encontra uma solução. Se acabar o celibato, diminui o abuso de menores. Ok. A pergunta: o que o casamento tem a ver com a pedofilia?
2) 'Tem certos dias em que a gente vai devagar quase parando. Ou parado quase andando. Só por conta do vento.
3) Olhei-me no espelho e percebi. Tenho mais de 40, mas tenho a ilusão de ser tão novinha...Só meu corpo que parece discordar disso.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Entendi

Tem gente que fala com vc repetindo o tique: entendi, entendi. A qualquer frase sua a pessoa "entende". Numas. Quem realmente entende o que se fala? Dificilmente aqueles que repetem incessantemente entendi antes que vc fale.

domingo, 7 de março de 2010

Família Buscapé em Miami

Todo mundo tem uma família meio estranha, já que de perto ninguém é normal. E o que existe de mais perto do que família? A minha não é diferente. Entre suas estranhezas está a impossibilidade de fazer coisas junto sem confusão. Uma vez combinamos de ir almoçar fora: pais, avós, tios, primos e agregados. Lá pelas tantas o restaurante foi mudado e metade do comboio não foi avisado. Obviamente que uns foram para um lado e outros para o outro. E reunir o povo todo num lugar só levou mais ou menos o tempo do encontro. Outra vez, viajamos em três carros com destino certo. E um dos carros saiu da linha. Resultado, ficamos horas esperando e só não nos perdemos de vez porque alguém mais ou menos sensato do grupo se amarrou com correntes na frente dos carros para impedir que cada um fosse procurar o perdido em outros locais. Isso que eu me lembre, mas suspeito que outras coisas aconteceram em épocas em que eu não era nascida ou muito pequena. Agora parte da família foi para Orlando e Miami. No primeiro passeio um dos membros da trupe ficou três horas e meia esperando no local de encontro pré-combinado em caso de extravio humano. E conseguiram perder o vôo Orlando - Miami porque todos acharam que o dia era outro. Além de mandarem via rádio informações conflitantes sobre o dia da volta, o que só foi esclarecido depois de muito estresse por parte dos que iriam pegar os viajantes no aeroporto. Nessas horas eu me lembro de Darwin e da seleção natural. Com certeza não tínhamos ancestrais nômades já que, se tivéssemos, esses não teriam deixado descendentes.

terça-feira, 2 de março de 2010

Coração Peludo

Puxa, faz mais de um mês que eu não blogo. Sei lá, mil coisas. Ressacão. Tempos em que estou mais para deixar de ser eu mesma do que pensar e escrever. Qualquer registro faz refletir e eu ando meio avessa ao pensamento estes tempos. Aliás, conheci uma expressão hoje que vou adotar daqui pra frente: estou com o coração peludo. Muito peludo. Talvez até espinhento. Eventualmente vai passar mas enquanto não, sai de baixo. E mais ainda do lado. É isso. Melhores postagens virão.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Casa


Dizem que os cancerianos estão presos às casas como os caranguejos as suas carapaças. Muitas vezes sinto-me assim. Presa à casa. Trabalhos para escrever? Melhor arrumar o quarto. Aulas para preparar? Que tal limpar a despensa e organizar os enlatados? O lattes que precisa ser refeito? Então, vamos reorganizar a disposição dos móveis e dos sofás. Indefinições no emprego? Ótima hora para uma reforma na cozinha. E assim vou, qual caranguejo, carregando a casa nas costas e andando para trás.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Abaixo o padrão anoréxico de beleza!

Mulheres, uni-vos! Chega de aceitar passivamente o padrão anoréxico: sem peito, sem bunda, sem curvas, só osso. E cabeça, porque cabeça não emagrece. Vocês já observaram o tamanho das cabeças das mulheres midiáticas em proporção ao corpo? Estamos vivendo na telinha (e nas revistas) o país das mulheres de cabeça grande. Os efeitos dessa onda são nefastos: adolescentes com problemas alimentares gravíssimos, mulheres adultas com problemas alimentares e neuroses com tudo o que se relaciona a corpo. Ao lado do aumento da obesidade. Porque temos que ser magras, mesmo depois da alteração profunda no sistema alimentar que sobrecarregou o mundo (aquela parte que se alimenta, pq outra grande parte não come o suficiente) com gorduras e carboidratos de fácil acesso e assimilação. A saída? Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Nem magreza anoréxica, nem excesso alimentar (como já dizia Aristóteles, a virtude é a temperança). Bem, sobre esse assunto, ótima a matéria de Alcino Leite Neto e Vivian Whitman sobre o SPFW, sobre o padrão de beleza perverso das passarelas. E o descaso de quem tem algo a ver com isso.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Essas coisas de ecologia

Meu pai era ecólogo. Dos primeiríssimos. Mentalidade conservacionista é algo que tenho internalizado. E é por ecologia e problemas ambientais para mim serem algo muito antigo, é que tenho ficado bastante ambivalente com a nova onda ecológica. Por um lado, feliz e otimista ao verificar que a idéia de preservação tornou-se lugar comum. E eu, que acredito no poder do discurso, espero que no máximo daqui há alguns anos este esteja tão enraizado que impeça realmente muitas das atitudes malucas que adotamos ainda hoje. Por outro lado, fico arrepiada com a proliferação de "ecostudo". Porque é moda, então todo mundo e todas as coisas de repente viram ecológicas. Lá em Cunha, eu tenho um vizinho que montou uma pousada "ecológica". E plantou centenas de eucalíptos no local. Beeeem ecológico, certo? Aqui onde moro, depois de anos, o ministério público fechou uma estrada que invadiu uma pequena área que deveria ser preservada. Alguns moradores fizeram um abaixo assinado para manter a estrada. E a equipe do condomínio que cuida da questão ambiental não consegue explicar se eles são contra ou a favor do fechamento da estrada. Se forem contra fechar a estrada (e a favor do abaixo assinado), é um paradoxo para quem luta por áreas verdes na cidade. Se forem a favor de fechar a estrada (e contra o abaixo assinado), a posição é defensável do ponto de vista conservacionista, mas entra em choque com muitos moradores. Talvez por isso não consigam me explicar afinal o que defendem. Esse é o problema da moda ecológica: tende a banalizar e descaracterizar procedimentos que são para lá de complexos. E todo mundo passa a se dizer fã "dessas coisas de ecologia", como exemplificou uma vez um conhecido que desmatou a beirada de uma florestinha na frente da sua casa para plantar murtas e deixar a calçada mais bonita.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Calvin cresceu


Mãe, corta o pernil pra mim?

Você não acha que com essa idade já era para saber se virar sem mãe?

Eu sei me virar. É que como você está aqui eu aproveito.

Não tem vergonha não?

Talvez. Lá no fundo mais recôndito da minha alma, quem sabe.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A roça e a modernidade

Em tempo. A foto do povo na enxurrada foi enviada por torpedo pela Rosa, a caseira. Há poucos anos lá pelos lados do sítio não tinha nem luz elétrica, só lamparina. Prova cabal que é muito fácil acostumar-se aos signos da modernidade. Para o bem ou para o mal.

Era uma vez uma estrada



Luis Felipe, Lourinho e Stefanie. Na lama, no que costumava ser a estrada de acesso ao sítio.

O 1o Dia

Cunha desmorona com a chuva. Seis mortos em um sítio, barreiras obstruindo as estradas desde Pindamonhangaba. Nós por aqui, conectados na tv e no celular com o caseiro. Lá no sítio caiu um pedaço do morro que dá para a estrada. E a estrada em outro trecho ficou pela metade. Ou seja, a cidade está ilhada e o sítio dentro da cidade idem. Dor no coração. É quase a sensação de que o Paraíso foi invadido. Presságios? I hope not.

A virada

Viramos a noite, eu, Má e dona Thê assistindo o show da virada da Globo. Que viagem... A coisa apertou tanto que quando entrou o CPM 22 todos nós suspiramos de alívio. Até dona Thê, que tem 80 anos. Antropológico. Retratos do Brasil?