segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Autoritarismo, Democracia: falar é fácil

Um dos problemas da democracia (só um dos milhões de) é o lugar da autoridade. O desconhecimento desse lugar legítimo, a transformação da autoridade em antônimo da democracia. Isso acontece muito quando tratamos com adolescentes ou adultos muito jovens. Por conta da insegurança natural do período e a falta de experiência, há uma tendência a perceber o exercício da autoridade como meramente autoritarismo (que pode ser) e nunca como forma de administrar o ambiente democrático. Às vezes isso pode acontecer em outras situações. Num congresso, por exemplo. Quando existem inúmeros trabalhos a serem apresentados e a autoridade omite-se de controlar o tempo pois esta geralmente é uma atitude antipática (e nem todos têm esse perfil). Acaba-se por colocar em risco o direito democrático de todos terem o mesmo tempo para falar e a mesma quantidade de atenção.

Escrevi o trecho acima há alguns meses, quando participava de um congresso. Pois bem, novamente em outro congresso. E, pela terceira vez, o problema se repete. Assisti a três mesas em que um dos apresentadores monopoliza a palavra e os outros ficam para apresentar, como dizem os amigos portugueses, "no vão da escada", na correria, com a platéia saindo para almoçar que ninguém é de ferro. Que a pessoa monopolize, tudo bem. Que alguns interessados em discutir o umbigo em detrimento do trabalho dos outros se interessem, tudo bem. Mas que a Mesa, a autoridade, se omita, haja paciência. Quando é que esse povo que coordena mesas em congressos vai entender que coordenar mesas em congressos implica em coordenar, inclusive cortando a palavra do sem noção que acha que todo mundo tem todo o tempo do mundo para escutá-lo(a)? Gente, não falo isso só por ser ranzinza (claro que sou!). Mas pq acho realmente que este tipo de situação demonstra como estamos no geral despreparados para o convívio democrático. E como, ao contrário, estamos propensos a aceitar gente que ganha no grito, não na discussão salutar dos conflitos possíveis. Só eu que acho isso perigoso? Pronto, falei.