quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Desapega, filha, desapega!

Não há como evitar. Esses dias são de avaliação do que passou e esperança para o que inicia. Por isso são sempre meio piegas. Mesmo concordando com o poema do Drummond que nos fala da inutilidade das promessas de ano novo, não consigo deixar de fazer isso. Prometo e penso em coisas a partir da percepção do que não funcionou nesse ano que encerra. É fato que o que não funcionou geralmente é uma repetição de anos anteriores, o que por si só deveria ser um alerta. Mas sou temerária. Como disse, não consigo evitar. Então, lá vão minhas considerações sobre o ano novo. A começar pelo gasto, gastinho refrão: "Paz na terra aos homens de boa vontade". Choro todas as vezes que penso nessa frase. Só ponho um reparo no masculino e troco: "Paz na terra às pessoas de boa vontade". Que a paz delas se fortaleça e se espalhe, combatendo a violência dos sem boa vontade. De resto, sobra pouco para desejar. Até porque o que desejo é aprender a desapegar. Do excesso emocional. Do excesso em geral. Aprender a desapegar não é fácil não. Desapegar significa deixar de desejar. Só que é o desejo que nos impulsiona. Mas o excesso de desejo nos joga num ciclo vicioso de frustrações. Por isso, meu lema para o ano é "desapega, filha, desapega". Desapega dessa coisa neurótica de trabalhar tanto. Desapega do consumo excessivo (essa talvez não seja tão difícil dada minha natureza), desapega do "tem quê". Tem que acordar cedo (prá quê?) Tem que correr muito (pra quê?) tem que atender às expectativas internas e externas (prá quê?). Desapega, filha, desapega. Desacelera. Respira. Economiza energia vital para usar com o que interessa. Por que, como já disse o bardo "o que se leva dessa vida é o amor que a gente tem prá dar". Eu avisei: é uma época meio piegas...