segunda-feira, 9 de junho de 2014

Confissões da mulher de 50

A ideia veio no banheiro. Meu banheiro é à prova de tédio, tem revistas, gibis, livros e livrinhos. Tinha esse, Confissões de Adolescente. Folheei, achei bobinho (não dá para não ser, sendo de adolescente, certo? Sorry, adolescentes), pior que a série na TV que inspirou e que era ótima. Mas identifiquei-me muito com o título. Confissões de uma certa época em que os hormônios estão a mil, tudo deixa de ser o que era o e os mapas de comportamento parecem não fazer muito sentido. Resolvi parafrasear: vamos às confissões da mulher de 50. Semelhanças? Duvido que os hormônios estivessem tão enlouquecidos na adolescência quanto estão agora.
Pois bem, comecemos com os hormônios, estes seres poderosos e incompreendidos. Vc está feliz e saudável, andando serelepe e tranquila, depois da tua visita anual ao ginecologista. Tão rotineira, que o retorno é feito on-line: ela vê os exames no site do laboratório e escreve te dizendo o que fazer, caso haja necessidade de algo. Pois bem, vc está serelepe e tranquila, quando vem a mensagem da médica: "seus resultados deram alterados, mas não se preocupe, não é nada de mais, sinal de que vc está entrando na menopausa". COMO ASSIM? De repente o mundo cai inteiro e vc começa a se dar conta de não pode mais procriar (não que isso lhe passasse pela cabeça nos últimos quinze anos) e que coisas muito estranhas vão acontecer com seu corpo, esse com o qual vc finalmente (depois da adolescência), conseguiu se acostumar. A vida  num milésimo de segundo vira de cabeça para baixo e vc se dá conta do inevitável: está envelhecendo. Sim, pq no meu caso eu não tinha percebido este detalhe até então. Claro que tinha notado a falta de elasticidade, de tônus muscular, de fôlego e tudo o mais. Mas não tinha parado para pensar sobre. O aviso de que os hormônios resolveram enlouquecer para todo o sempre (não consigo achar uma definição diferente para esta etapa), foram como uma bola de ferro atada ao pé da consciência corporal. E a partir deste momento, tudo passou a ser sintoma: dores no braço? Fadiga? Ganho de peso? Falta de sono? Sonolência? Efeito e responsabilidade desse enlouquecimento ridículo a que fomos submetidas pela sábia (?) mãe natureza. Acabou-se a época do estresse e da virose. Nunca mais. De agora em diante, tudo resume-se a um diagnóstico só: climatério, as portas da menopausa. Tá, estou tendo uma over reaction. Não disse que era como na adolescência? Pois é. Igual.