sábado, 12 de julho de 2014

Cinquentona

Inevitável acordar com esse palavrão na cabeça. Dia 12 de julho de 2014: nasci há 50 anos, ou seja, meio século. Coisa pacas. E, ao mesmo tempo, quase nada. Minha avó, que morreu com 96, aos oitenta e pouco dizia que "a gente pisca e acorda velha". Cinquenta anos, então, deve ser meia piscada, quase brincadeira. Com a gente, bem entendido. Pq nessa idade, ainda nos sentimos tão jovens, tão vitais, tão cheios de futuro. E, no entanto, com certeza já trilhamos mais da metade da vida. E já não somos os mesmos. Aos quarenta eu ainda conseguia mentir para mim mesma que não passava dos trinta e poucos, mas agora, aos cinquenta, me sinto mais longe dos trinta do que se tivesse dez anos. O corpo mudou, a disposição mudou, a compreensão da vida mudou, as certezas diminuíram, mas ficaram mais fortes. As dúvidas aumentaram, mas não importam tanto. E, se não fosse isso, meus filhos, que antes eram crianças, agora são adultos. Até o mais novo, se bem que às vezes (ele) não se dê conta disso. Como ser jovem com filhos adultos? Ou com alunos que te olham como se vc estivesse irremediavelmente distante da geração deles? E é claro que vc está, pq com certeza tem a idade das mães da maioria dos seus alunos de hoje. Se não é mais velha...Então, apesar do modelito calça jeans e camiseta hering (que talvez eu nunca abandone), eu sei que sou uma senhora. Não uma senhora daquelas antigas, que eram senhoras a partir dos quarenta (ou dos trinta, segundo Balzac). Mas uma sra. por fora com paixões, gostos e vontades muitas vezes ainda de criança, por dentro. Pois este é o paradoxo todo do negócio: a gente muda muito, mas continua muito igual. Então, para comemorar estes 50 anos, nada melhor do que um selfie metafórico: