terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Casa


Dizem que os cancerianos estão presos às casas como os caranguejos as suas carapaças. Muitas vezes sinto-me assim. Presa à casa. Trabalhos para escrever? Melhor arrumar o quarto. Aulas para preparar? Que tal limpar a despensa e organizar os enlatados? O lattes que precisa ser refeito? Então, vamos reorganizar a disposição dos móveis e dos sofás. Indefinições no emprego? Ótima hora para uma reforma na cozinha. E assim vou, qual caranguejo, carregando a casa nas costas e andando para trás.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Abaixo o padrão anoréxico de beleza!

Mulheres, uni-vos! Chega de aceitar passivamente o padrão anoréxico: sem peito, sem bunda, sem curvas, só osso. E cabeça, porque cabeça não emagrece. Vocês já observaram o tamanho das cabeças das mulheres midiáticas em proporção ao corpo? Estamos vivendo na telinha (e nas revistas) o país das mulheres de cabeça grande. Os efeitos dessa onda são nefastos: adolescentes com problemas alimentares gravíssimos, mulheres adultas com problemas alimentares e neuroses com tudo o que se relaciona a corpo. Ao lado do aumento da obesidade. Porque temos que ser magras, mesmo depois da alteração profunda no sistema alimentar que sobrecarregou o mundo (aquela parte que se alimenta, pq outra grande parte não come o suficiente) com gorduras e carboidratos de fácil acesso e assimilação. A saída? Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Nem magreza anoréxica, nem excesso alimentar (como já dizia Aristóteles, a virtude é a temperança). Bem, sobre esse assunto, ótima a matéria de Alcino Leite Neto e Vivian Whitman sobre o SPFW, sobre o padrão de beleza perverso das passarelas. E o descaso de quem tem algo a ver com isso.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Essas coisas de ecologia

Meu pai era ecólogo. Dos primeiríssimos. Mentalidade conservacionista é algo que tenho internalizado. E é por ecologia e problemas ambientais para mim serem algo muito antigo, é que tenho ficado bastante ambivalente com a nova onda ecológica. Por um lado, feliz e otimista ao verificar que a idéia de preservação tornou-se lugar comum. E eu, que acredito no poder do discurso, espero que no máximo daqui há alguns anos este esteja tão enraizado que impeça realmente muitas das atitudes malucas que adotamos ainda hoje. Por outro lado, fico arrepiada com a proliferação de "ecostudo". Porque é moda, então todo mundo e todas as coisas de repente viram ecológicas. Lá em Cunha, eu tenho um vizinho que montou uma pousada "ecológica". E plantou centenas de eucalíptos no local. Beeeem ecológico, certo? Aqui onde moro, depois de anos, o ministério público fechou uma estrada que invadiu uma pequena área que deveria ser preservada. Alguns moradores fizeram um abaixo assinado para manter a estrada. E a equipe do condomínio que cuida da questão ambiental não consegue explicar se eles são contra ou a favor do fechamento da estrada. Se forem contra fechar a estrada (e a favor do abaixo assinado), é um paradoxo para quem luta por áreas verdes na cidade. Se forem a favor de fechar a estrada (e contra o abaixo assinado), a posição é defensável do ponto de vista conservacionista, mas entra em choque com muitos moradores. Talvez por isso não consigam me explicar afinal o que defendem. Esse é o problema da moda ecológica: tende a banalizar e descaracterizar procedimentos que são para lá de complexos. E todo mundo passa a se dizer fã "dessas coisas de ecologia", como exemplificou uma vez um conhecido que desmatou a beirada de uma florestinha na frente da sua casa para plantar murtas e deixar a calçada mais bonita.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Calvin cresceu


Mãe, corta o pernil pra mim?

Você não acha que com essa idade já era para saber se virar sem mãe?

Eu sei me virar. É que como você está aqui eu aproveito.

Não tem vergonha não?

Talvez. Lá no fundo mais recôndito da minha alma, quem sabe.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A roça e a modernidade

Em tempo. A foto do povo na enxurrada foi enviada por torpedo pela Rosa, a caseira. Há poucos anos lá pelos lados do sítio não tinha nem luz elétrica, só lamparina. Prova cabal que é muito fácil acostumar-se aos signos da modernidade. Para o bem ou para o mal.

Era uma vez uma estrada



Luis Felipe, Lourinho e Stefanie. Na lama, no que costumava ser a estrada de acesso ao sítio.

O 1o Dia

Cunha desmorona com a chuva. Seis mortos em um sítio, barreiras obstruindo as estradas desde Pindamonhangaba. Nós por aqui, conectados na tv e no celular com o caseiro. Lá no sítio caiu um pedaço do morro que dá para a estrada. E a estrada em outro trecho ficou pela metade. Ou seja, a cidade está ilhada e o sítio dentro da cidade idem. Dor no coração. É quase a sensação de que o Paraíso foi invadido. Presságios? I hope not.

A virada

Viramos a noite, eu, Má e dona Thê assistindo o show da virada da Globo. Que viagem... A coisa apertou tanto que quando entrou o CPM 22 todos nós suspiramos de alívio. Até dona Thê, que tem 80 anos. Antropológico. Retratos do Brasil?