quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Compenetrado

Os alunos entregaram os trabalhos e a aula acabou mais cedo. Fico na sala dos professores, esperando a hora do ponto. Eu e outros. Entre nós, lá no canto, sentado sozinho na mesa, está um homem compenetrado. Computador, caneta na mão fazendo anotações e fones de ouvido. Quase virado para a parede, não levanta e olha em volta. Trabalha, ou ouve uma carta de amor, não dá para saber. Só que ele está completamente absorvido pelo que faz. Eu por outro lado sento, levanto, tomo café, tento ler. Leio e deixo o livro de lado. Derrubo o livro. Levanto novamente, penso na vida. No sofá, no seguro do carro, nas reclamações do meu filho, nas tarefas das aulas, no relatório de iniciação científica, nas reuniões, em projetos possíveis, em situações que estão se tornando impossíveis. Que gostaria de emagrecer, mas não consigo me disciplinar. Penso em livros para escrever, organizar e em coisas que desejo aprender. Enquanto isso, o homem continua lá. Impassível. Na mesma posição. A única coisa que move é sua caneta, correndo no papel vez ou outra. Ele lá, compenetrado. E eu do outro lado, desassossegada. Sua compenetração é tanta, que afronta minha incapacidade de ficar quieta.

Um comentário:

  1. hhhehehe...

    cuidado pra nao aparecer uma carta de amor no seu escaninho com o seguinte titulo:

    a mulher que nao deixa parar o meu coracao...

    hehehe

    ResponderExcluir