segunda-feira, 13 de junho de 2011

A química, a física e a metafísica

Na real não se precisa muito para refletir sobre a vida. Lavando roupa, por exemplo. Das tarefas domésticas, essa é uma que eu gosto. Lidar com água. E com a química. Claro, lavar roupa é uma tarefa que envolve a química e a física. No meu caso, mais a química. Pq eu me recuso a enfrentar o ato físico de esfregar, torcer, etc. Tudo isso fica a cargo da boa e velha máquina de lavar. Um dos poucos instrumentos tecnológicos da racionalidade capitalista que me faz agradecer pela sociedade mecanizada. Mas, voltando ao ponto: ao me recusar a enfrentar a física em toda sua plenitude, acabo refém da sua irmã gêmea, a química. Agarro-me a uma fé irrestrita na capacidade de ação molecular. Uma crença inabalável em todos os produtos que prometem branco total, que dissolvem a sujeira mais enraizada. Que limpam sem manchar. Que deixam a roupa brilhante. Que tiram o encardido das meias brancas, sem atacar os tecidos, veja bem!. Ou seja, nessa prosaica operação cotidiana passo por séculos de trnasformação do pensamento científico. E, como acontece com boa parte daqueles que se põem a refletir sobre o mundo, desemboco na metafísica. E, confesso, muitas vezes descambo para a fé pura: aquela que faz rezar para que a roupa fique limpa e não estrague com tanta coisa que adiciono ao molho.

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