sábado, 12 de março de 2011

Wendell, I´m not content


Este é um cartum de Gary Larson. Há algum tempo identifico-me com a personagem. Não as pérolas, nem o martini. Mas a janela e a sensação de que algo acontece lá fora e de que eu estou trancada aqui dentro, insatisfeita. No meu caso não com o Wendell, mas com a vida em geral. Insatisfeita é o termo preciso. Não profundamente infeliz, nem irremediavelmente contrariada. Insatisfeita, tão somente. Não pelo que acontece no dia a dia. Mas pelo que poderia acontecer. Nessas horas oscilo entre a virtude cristã da aceitação da vida como ela é e não como eu gostaria, e o paganismo romântico que estimula a idealizar. Não é tarefa fácil (nunca é). Apesar da idéia de largar o velho e começar o novo que supostamente dará mais prazer (ou dará algum prazer, em muitos casos) ser extremamente sedutora, a ação em si é muito mais do que isso. Porque largar implica em perder também. Em muitos casos, em contrariar todo um sistema de vida e de afetos. Implica em abandonar compromissos assumidos com os outros e, pior, com a gente mesmo. E aí entra a culpa/responsabilidade cristã. Por que fazer tudo diferente é menos difícil quando se é adolescente e não se tem uma família para sustentar, por exemplo. Ademais, mudar de vida requer muita coragem. Por isso não mudamos radicalmente, vamos aparando as arestas. Mesmo quando a vontade é se tornar algo completamente diferente.

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