terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cadê meu alaúde? Parte 2


Na Saá Mariinha, vidente curandeira, os cavaleiros paulistas ficaram inquietos. Não estavam acostumados à missa tão longa, ao padre repreendendo, aos sinais de silêncio. O comendador desconfiou da apropriação que considerou indébita. Desde quando Saá Mariinha pertencia à Igreja constituida? Também estranharam a falta de lixeiras, verdade seja dita. Como intrépidos cavaleiros, porém, dispostos a serem reconhecidos como aos filhos de Cunha, apreciaram o churrasquinho, apesar de não tomarem da cumbuca santificada de que todos tomavam. Não conseguiram deixar de lado sua crença na gripe suína. Mas comeram algodão doce, pipoca e quetais. Ouviram os violeiros e aprovaram o leilão de frango assado, pernil e bolo. O comendador, especialmente, lutou bravamente com seus lances para arrematar um frango, mas acabou deixando perder a contenda. Não por receio, mas por respeito ao ancião que com ele disputava. Gostaram dos ditos e das conversas, mesmo preocupados com os cavalos. Principalmente a amazona paulista, que tinha lá suas esquisitices no trato dos animais e insistia que o Lovato, seu cavalo tordilho, estava com muita sede. Posaram para fotos, como essa com a amazona e o Nino, ambos preocupados que a lente capturasse suas almas. Ficaram até o sol quase se pôr e daí forçaram a volta, que não foi muito bem recebida pelo Rapaz e por Sílvio, esse já tomado pela cachaça escondida do padre. Novatos, bem que queriam ficar na festa, que estava começando a esquentar. Mas Nino impôs sua autoridade e todos se foram, deixando para trás as conversas e as promessas a Saá Mariinha, vidente curandeira que nunca negou a fé do povo de Cunha. Resolveram voltar pela estrada de asfalto, que a trilha se mostrava mais longa e a noite prometia frio.

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