domingo, 20 de setembro de 2009

Terapia no domingo

Faço terapia desde os 23 anos, apesar de no momento estar num daqueles intervalos que só voltando para a terapia para entender. O resultado deste longo processo é um razoavel conhecimento das próprias neuroses, incluindo aí a onipotência e a necessidade de controle, aliás bastante interligadas. Enquanto a onipotência dá aquela sensação extasiante de poder fazer tudo, a necessidade de controle angustia e tenta criar condições para que o fazer-tudo quase se faça. Quase, pq nunca dá certo. E essa é precisamente a vantagem da terapia: ter aprendido que, se não consigo deixar de lado as neuroses, pelo menos não devo ficar me lastimando muito quando o óbvio acontece. Bem, tendo isso em mente neste domingo dividido entre trabalhar, trabalhar e cuidar da casa (o que já não tem a ver com as neuroses citadas, mas sim com a ascendência em virgem, dizem os especialistas de outra área), fico me perguntando pq não consigo repetir uma única vez uma mesma receita? Pq minha cozinha parece o rio de Heráclito, um comensal nunca provará do mesmo prato duas vezes? Se tenho que manter tanto controle sobre tudo, como não consigo realizar um simples processo de padronização dos procedimentos na hora de fazer pão, por exemplo? Ou farofa? Ou fritar ovo? Essa característica errática tem a ver com uma necessidade interna imperiosa de quebrar regras o tempo todo? Logo eu, adepta das regras? Será um desafio inconsciente constante ao meu superego superlativo? Acho melhor voltar para a terapia. Ou para a cozinha, vá lá.

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